A área de pesquisa do Instituto Euvaldo Lodi de Mato Grosso (IEL-MT) divulgou um estudo inédito que analisa as percepções de profissionais de Recursos Humanos sobre o uso da Inteligência Artificial (IA) em processos de recrutamento e seleção. O trabalho, desenvolvido em formato de artigo científico, foi intitulado “Uso da Inteligência Artificial no Processo de Recrutamento e Seleção: percepções de profissionais em instituição sem fins lucrativos” e apresenta dados que refletem o avanço da transformação digital na área de gestão de pessoas.

O trabalho ganhou destaque nacional ao ser aceito para publicação na revista Research, Society and Development (Qualis A3), reconhecendo a qualidade científica e a relevância das entregas do IEL MT enquanto Instituição de Ciência e Tecnologia (ICT).

De acordo com o levantamento, 84% dos profissionais entrevistados afirmaram já utilizar alguma ferramenta de IA em suas rotinas de recrutamento e seleção, especialmente em atividades como triagem de currículos, elaboração de descrições de vagas, automação de e-mails e divulgação de oportunidades. Os resultados mostram que a tecnologia tem contribuído para agilizar os processos, aumentar a produtividade e ampliar o alcance das vagas publicadas.

No entanto, o estudo também identificou lacunas significativas na capacitação técnica e na compreensão ética e legal do uso dessas ferramentas. Apenas 28% dos participantes declararam ter recebido algum tipo de treinamento sobre o tema, e 80% afirmaram conhecer pouco ou nada sobre as implicações éticas e legais relacionadas ao uso da IA nos processos seletivos.

“A pesquisa evidencia que, apesar do entusiasmo e da adoção crescente das ferramentas de Inteligência Artificial, ainda há um longo caminho a ser percorrido no que diz respeito à formação técnica e à governança ética. O uso responsável dessas tecnologias exige preparo, transparência e atualização constante dos profissionais”, explica a coordenadora de Pesquisa e Inovação do IEL MT, Lays Fitaroni.

Outro ponto relevante apontado pelos pesquisadores é o equilíbrio entre tecnologia e sensibilidade humana. A maioria dos profissionais (64%) acredita que a IA não substitui o trabalho humano, ressaltando que o julgamento e a empatia do recrutador continuam essenciais na análise comportamental e cultural dos candidatos.

Entre os principais benefícios percebidos no uso da IA estão a praticidade (68%), a agilidade na contratação (64%) e a automação de tarefas repetitivas (56%). Já as limitações mais citadas envolvem falhas na triagem de currículos, falta de contato humano e ausência de capacitação técnica.

Apesar dos desafios, a percepção geral sobre a tecnologia é positiva: 76% dos entrevistados afirmaram estar satisfeitos ou muito satisfeitos com o uso da IA nos processos seletivos, e 84% acreditam que ela será predominante no futuro da área de recrutamento e seleção.

O estudo, realizado com 25 profissionais de uma instituição sem fins lucrativos, destaca-se por oferecer uma análise quantitativa detalhada sobre o impacto da IA no cotidiano do setor de Recursos Humanos, abordando aspectos técnicos, éticos e estratégicos.

Para o IEL-MT, pesquisas como essa são fundamentais para compreender as transformações em curso no mundo do trabalho e apoiar as organizações na adoção consciente de novas tecnologias.

“A Inteligência Artificial é uma aliada poderosa na modernização dos processos seletivos, mas seu uso precisa estar ancorado em políticas éticas, capacitação contínua e equilíbrio entre automação e sensibilidade humana. Esse é o caminho para uma transformação digital sustentável e inclusiva”, acrescenta a superintendente do IEL MT, Fernanda Campos.

Leia o artigo

Texto: Vívian Lessa