Mulheres na indústria: com mais qualificação, a representatividade feminina cresceu 30% nos últimos anos em Mato Grosso

06/08/2024 - 16h46
Ulana Bruehmuller, CEO da Refrigerantes Marajá
Ulana Bruehmuller, CEO da Refrigerantes Marajá

De uma pequena fábrica familiar de refrigerantes em Rondonópolis, criada em 1963, até se tornar uma indústria consolidada, presente nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Acre, Amazonas e Rondônia, com exportações para a Bolívia, a Refrigerantes Marajá SA percorreu um caminho longo que exigiu muita dedicação.

No entanto, em 1995, uma protagonista feminina entra em cena e com seu olhar atento e cuidadoso contribuiu ainda mais com o crescimento do negócio. Trata-se de Ulana Bruehmuller, hoje CEO da empresa e uma das mulheres que ganham destaque em cargos de liderança na indústria mato-grossense.

Para agregar com o negócio, a empresária trocou a formação em Serviço Social e o emprego de 12 anos no Sesi MT pela rotina administrativa, inicialmente como gerente, galgando novas conquistas e chegando ao cargo de diretora, e buscou por conhecimento com as formações em gestão comercial e, posteriormente, gestão de negócios.

Inclusive, este é um dos grandes diferenciais das mulheres no mercado de trabalho na visão da industrial: elas buscam por qualificação profissional e estão presentes também nas salas de aula.

Mesmo assim, dentro das fábricas elas ainda ocupam menor número, mas não por falta de incentivo. A gestora encoraja as profissionais que buscam por cargos de operação a trabalharem neste setor, inclusive na companhia, que está contratando mulheres para diversos cargos.

“Busquem se desenvolver e aprimorar seus conhecimentos e competências. porque quando a mulher está imbuída de um propósito na vida, ela está atrás de um resultado extraordinário e consegue alcançar.” Ulana Bruehmuller

Thais Cabral foi jovem aprendiz na Bom Futuro e hoje é contratada
Thais Cabral foi jovem aprendiz na Bom Futuro e
hoje é contratada

Com 330 colaboradores, as mulheres ainda ocupam um universo de 12% na Marajá, no entanto, a CEO acredita que as empresas estão cada dia mais abertas às oportunidades para o público

feminino, principalmente quando se trata dos cargos de liderança, que levam em consideração características femininas como o forte destas lideranças.

“Eu vejo que o mundo moderno está valorizando muito mais as características de liderança feminina. Hoje a gente vê muitas mulheres em cargo de gestão em diversas companhias. Ainda há a desequiparação salarial, enfrentamos duplas jornadas, como a familiar, mas já melhorou muito o reconhecimento feminino no mercado de trabalho”, destaca.

Profissões tradicionalmente ocupadas por homens

E essa busca crescente por qualificação profissional é que tem sido o diferencial para as mulheres se destacarem. É o caso da jovem Thais Cabral, de 22 anos, que iniciou sua trajetória profissional no Programa Aprendiz do Futuro, na agroindústria Bom Futuro. Graças ao seu esforço e a formação oferecida pelo Senai, hoje ela atua como eletricista em uma fazenda da empresa.

​Joice Miranda também foi contratada pela Inpasa após ter atuado como jovem aprendiz
Joice Miranda também foi contratada pela Inpasa após
ter atuado como jovem aprendiz

“A parte de aprendizagem do Senai foi essencial para o meu desenvolvimento tanto pessoal quanto profissional. Foi com ele que eu me destaquei no mercado de trabalho e conseguir melhores salários. Além de me capacitar, a instituição me incentivou a buscar conhecimento sobre essa área, estou pegando gosto pela coisa e isso fez total diferença.”

Outra profissional que também iniciou sua trajetória como aprendiz na indústria Inpasa, em Sinop, é a Joice Martos de Miranda, de 21 anos. Ela conta que foi pela internet que viu a oportunidade de fazer um curso de manutenção de máquinas.

Não demorou muito para seus superiores perceberem as qualidades de Joice e faltando apenas dois meses para o encerramento de seu contrato como jovem aprendiz, logo ela recebeu a proposta para atuar como profissional na área de planejamento e controle de manutenção da usina.

Joice, como a maioria das mulheres da indústria, sentiu necessidade de se qualificar ainda mais e está estudando engenharia mecânica, graças à oportunidade que teve na Inpasa, já que descobriu que gosta desta área.

“Quando comecei a conhecer esse mundo de usina e me envolver mais ainda, uma das áreas que me apaixonei foi a mecânica, tanto que agora estou realizando esse curso. Então, para todos que estão começando, o importante é não desistir, existe muita dificuldade, mas o esforço de hoje é o resultado de amanhã”, pontuou a jovem.

Câmara da Mulher

Em março, a Fiemt lançou a Câmara da Mulher, iniciativa que faz parte do Conselho Temático de Responsabilidade Social (Cores/Fiemt). Os trabalhos serão presididos pela psicanalista e acionista da indústria Barralcool, Ana Cássia Rangel.

Uma das diretrizes desta câmara, também chamada de Fiemt Mulher, é assegurar condições de trabalho mais justas para as mulheres, paridade salarial e aumentar a participação da mulher empresária na indústria..

De acordo com o Observatório da Indústria, a renda média das mulheres na indústria é de R$ 1.736,76, o equivalente a 26% menor do que é pago aos homens.

Revista Indústria de Mato Grosso

Esta matéria foi originalmente publicada na segunda edição da Revista Indústria de Mato Grosso. O periódico está disponível nas versões impressa e on-line, e traz informações sobre o setor industrial, inovação, tecnologia, economia, pesquisa, educação executiva, saúde e segurança no trabalho e outros assuntos ligados às atividades do Sistema Fiemt.

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Texto: Julia Oviedo

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