Aos 73 anos, Ademir Luiz Orlando descobriu que poderia retornar aos estudos e para o mercado de trabalho. O primeiro passo foi se inscrever na Educação de Jovens e Adultos (EJA) do Sesi MT, o segundo foi convencer a esposa Darzira Fernandes Orlando, de 65 anos, a acompanhá-lo nessa nova jornada.

Casados há 47 anos, os dois também concluíram a Oficina de Currículos ofertas pelo Instituto Euvaldo Lodi (IEL MT), junto com outros cerca de 300 estudantes em Rondonópolis. Iniciativas essas que desempenham um papel vital na preparação dos indivíduos para o mercado de trabalho.

Estimativas levantadas pelo Observatório da Indústria do Sistema Federação das Indústrias de Mato Grosso (Sistema Fiemt) apontam que dos mais de 1.043 milhão de trabalhadores do estado, 58,66% (611 mil pessoas) possuem até o ensino médio completo; 16,32% têm superior completo; 14,58% com fundamental completo; e 9,36% estão ainda com o fundamental incompleto.

Embora a maior parte dos trabalhadores tenham um grau de instrução, a taxa de analfabetismo ainda existe, com 0,43% da população empregada. No total, há em Mato Grosso 164.492 pessoas analfabetas (trabalhando ou não). O estado ocupa o décimo lugar no ranking nacional com 5,81% de participação.

Nesse cenário, somam 77,9 mil mulheres e 86,5 mil homens não alfabetizados. A maior parte da população feminina analfabeta encontra-se na faixa de 65 anos ou mais com 45,57% (35,5 mil). O mesmo panorama se mantém para os homens com 37,14% (32,1 mil).

“As coisas vem mudando. Quando era jovem o meu foco era trabalhar para conseguir cuidar da família. Com isso, os estudos ficaram para último plano. Eu ainda consegui me aposentar, mas sinto que posso continuar contribuindo. O meu sonho é ainda fazer uma faculdade e me tornar um engenheiro agrônomo”, conta Ademir. A experiência com o segmento veio com mais de 30 anos de trabalho no setor da agropecuária.

A gerente do Sesi de Rondonópolis, Márcia Ribeiro, enfatiza que necessidade de capacitação e qualificação é uma exigência de mercado. No município os investimos de infraestrutura demandam por mais pessoas aptas para trabalhar. O resultado disso é a grande procura pelos cursos da EJA. “Superamos a nossa expectativa de alunos inscritos e temos hoje no estado, pelo Sesi, cerca de 5 mil estudantes”, conta.

Toni Alexandrer Nantes de Azevedo, de 34 anos, faz parte dessa estatística. Embora a sua habilidade no segmento da construção o tenha destacado no serviço, ele tem a certeza de que a conclusão dos estudos o levará a voos mais longos. “Em dois meses já recebi uma promoção no trabalho, que de pedreiro passei a ser encarregado de obra. A minha dedicação tem sido reconhecida e sei que com mais capacitação posso conseguir cargos melhores, como ser mestre de obras”, disse.

Oficina de Currículo

O Instituto Euvaldo Lodi (IEL MT) realizou uma Oficina de Currículos com cerca de 300 alunos da EJA do Sesi de Rondonópolis. A iniciativa é importante tanto para quem está buscando uma oportunidade no mercado de trabalho quanto para as empresas que desejam contratar os melhores talentos.

As aulas foram ministradas em dois dias com turmas distintas e trabalharam conceitos básicos de apresentação e formatação e currículo. “Um currículo bem estruturado pode destacar as competências e experiências mais relevantes para a vaga desejada. Além disso, a oficina ajuda adaptar o currículo para diferentes vagas, maximizando as oportunidades de emprego”, pontua a supervisora de empregabilidade do IEL MT, Aurélia Guimarães.

Ana Vivia Rodrigues, 18 anos, entendeu que suas habilidades precisariam ser ressaltadas, destacando suas funções. “Tenho a expectativa agora de conseguir retornar para o mercado de trabalho”, conclui.

Texto e fotos: Vívian Lessa