Ano a ano, as mulheres vêm conquistando espaço em diversos segmentos da indústria de Mato Grosso. A representatividade feminina teve aumento de quase 30% em quatro anos, conforme dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) compilados pelo Observatório da Indústria da Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt).

Porém, assim como nos espaços fabris, no mercado de trabalho como um todo, a representatividade masculina ainda predomina e a qualificação profissional é um importante caminho para ampliar a presença feminina desde a linha de produção até aos cargos de liderança.

“É um desafio que nós mulheres enfrentamos todos os dias: e mostrar que somos competentes o suficiente para ocupar cargos de liderança depende de muito esforço e dedicação”, afirma a superintendente da Fiemt e do Instituto Euvaldo Lodi de Mato Grosso (IEL MT), Fernanda Campos, que é a primeira mulher a ocupar esse cargo na história no Sistema Federação das Indústrias de Mato Grosso (Sistema Fiemt).

Ela lembra que em Mato Grosso há 36 mil mulheres trabalhando na indústria. O número representa um crescimento de 27% entre 2018 (28,2 mil mulheres) e 2021, ano que foi divulgada os últimos dados da Rais. A maior parte das trabalhadoras na indústria estão no setor alimentos e bebidas, atuando em frigoríficos. Apesar desse aumento, o universo feminino representa ainda apenas 21% da força de trabalho de 165 mil trabalhadores na indústria mato-grossense.

De assistente a superintendente

O universo de pesquisa entrou na vida da administradora Fernanda Campos, aos 17 anos, quando saiu da cidade em que morava, Cáceres, para estudar na capital Cuiabá. Percorrer os 220 km que separam as duas cidades e dar início a sua vida profissional logo na adolescência foi determinante para as conquistas que vieram anos depois.

"Acredito que a mulher está ganhando espaço no mercado de trabalho, mas muito mais que isso: elas estão se capacitando. Vejo que a minha base técnica contribui e muito para chegar aonde estou ", comemora.

Além de ser formada em administração, possui pós-graduação em pesquisa de mercado e já empreendeu no segmento. Há sete anos, ela iniciou sua trajetória no IEL MT como assistente administrativa de educação. Em oito meses, se tornou supervisora, chegando ao cargo máximo como gerente executiva do instituto. Desde o início do ano está como superintendente das duas instituições, Fiemt e IEL.

"Que seja pela técnica, competência e capacidade. A mulher precisa conquistar seu espaço com conhecimento, porque o mercado está cada vez mais exigente", conclui.

Capacitação de mulheres

O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial de Mato Grosso (Senai MT) tem a missão de formar trabalhadores para a indústria e segue desenvolvendo projetos especiais neste sentido. Neste ano, estão matriculadas 5.469 mulheres realizando diversos cursos pela instituição, com uma representatividade de 40%. Somente em 2022, mais 18 mil mulheres passaram pela qualificação, o que representou 42% do total de matrículas.

Na Faculdade de Tecnologia Senai de Mato Grosso (Fatec Senai MT) somam 450 mulheres em cursos de graduação tecnológica, extensão e pós-graduação, sendo 32% do total de matrículas concluídas. Em 2022 foram matriculadas 1.571 mulheres (37% das matrículas).

O Senai MT também desempenha atividades para contribuir com o avanço da agenda social no estado, como a execução do “Projeto Mulher”, que é feita em parceria com a Organização Internacional do Trabalho (OIT) para capacitar mulheres na área de gestão empresarial para mulheres em vulnerabilidade social.

Outra iniciativa de fomento à capacitação de mulheres, a Fatec Senai MT possui uma política de bolsas de desconto de 50% em graduações do eixo de tecnologia da informação como curso de Agrocomputação, Análise e Desenvolvimento de Sistemas, Redes de computadores e de Defesa Cibernética. Atualmente estão disponíveis mais de 20 bolsas.

Texto: Vívian Lessa, Amanda Simeone e Eduardo Cardoso