Fiemt é destaque em encontro de empresários com Bolsonaro
Uma delegação com 16 empresários da indústria mato-grossense participou de um encontro com o presidente Jair Bolsonaro e diversos ministros na manhã desta terça-feira, em Brasília. Promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), para a entrega de um documento com 44 propostas para a retomada da indústria e do emprego em 2022. As propostas abrangem as áreas de tributação, eficiência do estado, financiamento, infraestrutura, meio ambiente, inovação, educação, comércio exterior, relações de trabalho e micro e pequenas empresas.
À frente de delegação, o presidente da Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt), Gustavo de Oliveira, foi convidado pela CNI para falar em nome de todas as federações de indústria do país. Em uma fala realista, ele destacou os pontos positivos do país e defendeu ações concretas para redução do custo Brasil e a ênfase na questão da sustentabilidade, para melhorar o acesso dos produtos brasileiros e mercados mais exigentes.
“O Brasil está muito à frente do resto do mundo na nova ordem econômica mundial, a chamada economia verde, por tudo que já fazemos. O futuro do mundo é claramente espelhado no nosso presente. Sendo assim, a pergunta a ser feita é: o que nos impede de atingir nosso pleno desenvolvimento e também o reconhecimento internacional por essa atuação?”, questionou.
Para ele, a falha em atacar o Custo Brasil é um desses obstáculos. “Ele consome R$ 1,5 trilhão da nossa economia todos anos, mais de 20% do PIB. É preciso modernizar nosso ambiente de negócios para reverter esse quadro, com reformas estruturantes, como a tributária, que gerem crescimento econômico, mais empregos e redução das desigualdades regionais.”
Ele destacou também, entre outros pontos, a necessidade de apoio à industrialização, com investimento em pesquisa, inovação e tecnologia voltados à digitalização e práticas sustentáveis, lembrando que já temos vantagens sobre outros países por contarmos com uma matriz energética limpa, 85% baseada em fontes renováveis.
A importância da implantação de um mercado de carbono regulado e eficiente foi outro ponto defendido por ele, que citou o RenovaBio como um exemplo positivo brasileiro.
O presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, formalizou a entrega do documento com propostas a Bolsonaro, alertando para a necessidade de inverter a tendência de queda da atividade industrial no país – a indústria de transformação brasileira encolheu, em média, 1,6% ao ano na última década.
“Os desafios são muitos, a agenda é complexa e não existe uma única medida que leve o País para onde desejamos. A agenda precisa ser tratada em conjunto para que alcancemos a meta de uma economia forte, com crescimento estável e bem-estar social”, afirma Robson Andrade.
Recuperação da indústria e da economia passam pelas reformas
A recuperação da indústria brasileira e da economia como um todo requer uma reforma tributária ampla, que simplifique o sistema de arrecadação de impostos, reduza a cumulatividade e desonere os investimentos e as exportações.
Na avaliação do presidente da CNI, a reforma administrativa para modernizar o Estado, controlar a expansão dos gastos com pessoal e melhorar a qualidade dos serviços prestados à população é igualmente necessária.
Também é indispensável a aprovação de novos marcos regulatórios para as áreas de infraestrutura e de meio ambiente. “Precisamos de uma política industrial que promova a inovação e o desenvolvimento tecnológico das empresas, incentive, especialmente, os setores que produzem bens de alta complexidade e seja capaz de reverter o acentuado processo de desindustrialização do país”, diz.
Robson Braga de Andrade avalia que a fórmula para o Brasil avançar não pode ser diferente da traçada por países desenvolvidos, como as que China, Coreia do Sul e Índia estão rapidamente adotando. Para ele, o Brasil não pode abrir mão do papel do governo como indutor do investimento privado, por meio da ação conjunta com o setor empresarial e a academia, para que o país volte a crescer e retome seu lugar como uma das mais importantes economias do mundo.
Propostas para o aumento da competitividade da indústria
O documento “Propostas para a retomada da indústria e do emprego” foi elaborado com base em subsídios das Federações Estaduais de Indústria, das Associações da Indústria, da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI) e de reuniões com empresas coletados durante o ano e refinados em reuniões dos Fóruns e Conselhos Temáticos da CNI e do Fórum Nacional da Indústria (FNI).
As primeiras 19 são propostas que podem ser adotadas diretamente pelo governo federal nas áreas tributária, de eficiência do Estado, financiamento, infraestrutura, meio ambiente, inovação, comércio exterior e relações do trabalho.
As demais 25 propostas envolvem a participação do Congresso Nacional. São propostas nas áreas tributária, de eficiência do Estado, financiamento, infraestrutura, meio ambiente, inovação, educação, relações do trabalho e para as micro e pequenas empresas.
Delegação de Mato Grosso
Além de Gustavo de Oliveira, fizeram parte da delegação os vice-presidentes da Fiemt Silvio Rangel, Edgar Teodoro Borges, Jaldes Langer e Sérgio Antunes; os diretores Adilson Valera Ruiz, Ayres dos Santos Neto, Celso Banazeski, Elias Pedrozo e Ulana Borges; o presidente do Simno, Edvaldo Dal Pozzo, o presidente do Sindusmad, Wilson Volkweis, e os empresários José Aparecido dos Santos (União Avícola), José Arimatéa de Angelo Calsaverini (Uisa), José Odvar Lopes (Inpasa) e Marcos Roberto Cruz (Grupo Canopus).
Confira a íntegra do discurso aqui:
Texto: Daniela Lepinsk Romio (com CNI) | Fotos: Eduardo Cardoso | Edição de vídeo: Osnar Couto